Enquanto escrevo este texto, estou sentado em um café de São Paulo, esperando o espresso que nunca chega e sendo atendido por um californiano perdido no Brasil. Isso tudo parece ser um punhado de informações irrelevantes para você, mas tem tudo a ver com o nosso texto de hoje. Se você mora em uma cidade grande, seja no Brasil ou qualquer parte do mundo, quero te convidar para uma reflexão… Quantas horas do dia você dedica para aproveitar a vida?
Comecei a série “Samurai Gourmet”, do Netflix, que conta a história de um japonês recém aposentado, que se vê com muitas horas livres, mas não faz ideia do que fazer com isso. O motivo é simples, ele vivia a rotina trabalho > casa > trabalho, um looping cotidiano, e tinha pouco tempo para explorar a vida. Na série, que é uma live action do mangá homônimo, o senhor Kasumi começa a redescobrir sua vida com 60 anos, tudo isso entre uma experiência gastronômica e outra.
Isso me fez pensar… Preciso chegar aos 60 para aproveitar a vida? Preciso me aposentar para ter este “privilégio”? (No Brasil, com a atual aposentadoria, vou aproveitar a vida após os 90). A resposta é não. Definitivamente, NÃO.
No meu caso, quem acompanha o blog, sabe que trabalho no formato de home office. Isso muda muito e permite que eu tenha flexibilidade no horário. Veja bem, home office não é sinônimo de liberdade incondicional, mas ajuda. Ajuda ter uma pausa para o café, uma caminhada no parque no meio da tarde (infelizmente o parque está em reforma eterna e foi fechado por tempo indeterminado) ou qualquer outra coisa que quebre a rotina.
Você não precisa fazer nenhuma extravagância, os pequenos detalhes são o que contam. Cinco minutos com o seu cachorro (ou gato), uma visita para (ou da) vó. Os pequenos detalhes transformam a nossa roda gigante cotidiana.
Mas voltando ao senhor Kasumi, suas extravagâncias são uma cervejinha na hora do almoço, uma noite fora de casa e outras pequenas experiências, que, quando assistimos, pensamos: “blah, isso não tem nada de anormal… Mas, espera aí… eu nunca fiz isso”. Pode parecer exagero televisivo, mas eu tenho um exemplo em casa. Minha vó trabalhou mais de 40 anos para a irmã. Durante todo este tempo, doou a vida para um negócio que não era seu, mas tinha o seu salário e trabalhava do lado de casa. No fim, foi demitida (sim, demitida! Mas isso é uma longa história, talvez conte outro dia). Hoje, com seus 80 e poucos, imagino que a angústia é parecida com o de Kasumi.
Onde quero chegar? Nunca deixe de lado a sua vida… Não importa o quão importante isso ou aquilo pareça. Usando a frase de uma dupla de criativos de São Paulo, “nenhum CNPJ vale um AVC”. Acha que estou falando besteira e mudar a rotina é um luxo em tempos de “crise”? Então vou usar a ciência para fazer você pensar mais um pouco.
De acordo com um estudo publicado na revista Nature, a causa do Mal de Alzheimer pode estar escondida na ausência de dopamina, ou seja, o neurotransmissor que te faz sentir bem contribui para a memória e compensa a disfunção da doença. Que tal um pouco mais de dopamina no seu dia? #PenseNisso
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